Coração amarrotado




Coração amarrotado
Tal rascunho reiterado.
Dia tomado por mágoa
E a noite pela lástima.
Uma amargura íntima,
O tempo malparado.

Penoso som da trovoada.
O inquietar da luz cerrada.
O vazio que uma bruma traz.
Porquê? Saiba-se lá.
Um ramo no chão estala,
Dou-me por fim acordada.

Súbito adejar d’açor
Incita em minha’alma
Ânsia abrupta de amor.
D’ausência de calma
Surge um delírio inquietante…

Serei eu só dentro de mim?
Custa-me a acreditar.
Sustenho num só olhar
Vista mais que apenas minha,
E a dor que cá mantinha
É também porque sorria.
Bem no íntimo ardia
O pesar de mais um dia
E já no peito sustinha
A cobiça de alegria.

Sonho por mais que uma,
Anseio pr’além do concreto.
Admira-me que tudo se resuma
A um devaneio secreto.
Que sejam só ideias minhas,
Que o que julgo e interpreto
Se leia só num dialeto.

Joana Isabel Afonso Gomes, 12º E